Patrícia Mamona conquistou para Portugal a medalha de ouro na prova do triplo salto dos Campeonatos da Europa de atletismo em pista coberta, que se disputam na Polónia, com um salto de 14,53 metros. Auriol Dongmo fez o mesmo no lançamento do peso, tal como Pedro Pichardo, no triplo masculino.
Por Orlando Castro
A portuguesa Patrícia Mamona (de ascendência angolana) conquistou este domingo a medalha de ouro na prova do triplo salto dos Campeonatos da Europa de atletismo em pista coberta, que se disputam em Torun, Polónia, com um salto de 14,53 metros. A marca obtida por Mamona na final do triplo salto é também recorde nacional em pista coberta, superando os 14,44 que a atleta conseguira há dois anos, em Madrid.
As três atletas no pódio ficaram separadas por um centímetro apenas – a espanhola Ana Peleteiro, campeã há dois anos, foi segunda e fez 14,52 centímetros, a mesma marca da alemã Neele Eckhardt, que perdeu no desempate pelo segundo melhor salto.
Mamona, de 32 anos, conseguiu a sua quarta medalha em grandes campeonatos, sempre no triplo: em 2016 foi campeã da Europa absoluta, depois de ter sido ‘prata’ em 2012, e em 2017 foi vice-campeã em pista coberta.
Esta é a terceira medalha de Portugal nestes Europeus de Torun, depois dos ‘ouros’ de Auriol Dongmo no lançamento do peso, na sexta-feira, e de Pedro Pichardo, no triplo masculino, já este domingo, elevando para 26 o total das medalhas lusas em todas as edições dos campeonatos.
O português Pedro Pichardo conquistou este domingo a medalha de ouro do triplo salto dos Campeonatos da Europa de atletismo em pista coberta, com a marca de 17,30 metros. Superou todos os adversários por larga margem, com o pódio a ficar completo com o azeri Alexis Copello (17,04) e o alemão Max Hess (17,01).
Pichardo, de 27 anos, nasceu em Cuba e naturalizou-se português no final de 2017. Há dois anos, foi quarto classificado nos Campeonatos do Mundo, mas no seu currículo conta ainda com duas medalhas de prata, em 2013 e 2015, ainda como atleta de Cuba.
O primeiro-ministro, António Costa, usou o Twitter para felicitar os atletas pelas conquistas das três medalhas de ouro. “Felicito todos os que participaram, atletas e equipas técnicas, dignificando o desporto, em especial o atletismo nacional, e a nossa bandeira”, referiu António Costa, numa mensagem na rede social Twitter.
De origem camaronesa, Auriol optou por se mudar para Portugal em 2017, por razões desportivas e opção religiosa. Fervorosa devota de Nossa Senhora de Fátima.
Angolano só se for do MPLA
Em Setembro de 2019, o vice-cônsul em Lisboa, Mário Silva, disse que cerca de 200 cidadãos de Angola que, há mais de 40 anos, fizeram a ponte aérea para Portugal, iriam poder ter, a partir de Janeiro de 2020, um bilhete de identidade angolano. Foi uma, mais uma, prova de racismo primário do MPLA porque, de facto, estava a considerar apenas, só e exclusivamente, cidadãos negros. Na mesma situação estiveram e estão milhares, muitos milhares, de angolanos… brancos.
Segundo o diplomata do MPLA (partido no Poder há 45 anos), “estas pessoas, que fizeram a ponte aérea entre Luanda e Lisboa há mais de 40 anos, só tinham, até agora, documentação portuguesa, embora fossem cidadãos angolanos”. Mais um lapso, ou mentira. A ponte aérea também se fez entre Nova Lisboa e Lisboa, para além de milhares da angolanos terem atravessado a fronteira terrestre, chegando a Portugal (mas não só) através da África do Sul.
“Ou porque já não encontravam os seus familiares em Angola para actualizarem documentação e informação, ou porque, por razões financeiras, não conseguiram pagar a viagem para Luanda para lá tratarem do seu Bilhete de Identidade”, disse Mário Silva, precisando que há cerca de 200 pessoas nesta situação em Portugal.
Mário Silva explicou que são pessoas, hoje, com mais de 70 anos, que viajaram com um “padrinho” português para Portugal quando se deu a independência de Angola, o seu país de origem.
Na altura, com base na certidão de baptismo e nas informações disponíveis nos registos portugueses (como o próprio Bilhete de Identidade português), conseguiram tratar da documentação como cidadãos portugueses, nascidos num território que, na altura em que nasceram, era português. Porém, nunca mais conseguiram tratar da documentação como angolanos que são, disse, esquecendo-se de falar do bloqueio das autoridades do MPLA que, em Lisboa, diziam (disseram-me a mim, por exemplo) que “se é branco não é angolano”.
“Hoje, da sua legalização como cidadãos angolanos depende também a dos seus filhos e netos, que podem eventualmente querer um dia contribuir ou viver em Angola”, admitiu o vice-cônsul.
Pensando em tudo isto, o Governo de Angola decidiu dar ao consulado angolano em Lisboa a responsabilidade de tratar de tudo o que é necessário para que estas pessoas passem a ter um bilhete de identidade angolano, explicou.
Os consulados de Angola em geral passaram agora a ter a possibilidade de emitir também bilhetes de identidade para todos os cidadãos angolanos, além dos passaportes e outra documentação que já emitiam.
Porém, para quem fez a ponte aérea entre Angola e Portugal e nunca teve um BI de Angola, embora sendo angolano, o consulado em Lisboa vai ter uma equipa técnica, com três pessoas, que segundo Mário Silva estaria a funcionar em Janeiro de 2020, para, através de informações disponibilizadas pelas instituições portuguesas e de entrevistas com as pessoas, actualizar a informação necessária para a obtenção do BI.
O Consulado de Lisboa não vai dar resposta apenas a pedidos de cidadãos de Portugal nesta situação, mas também a pedidos idênticos de cidadãos que vivam noutros países da Europa, adiantou Mário Silva.
“O Presidente determinou que há um consulado para a América, outro para a África e outro para a Europa, que dão resposta aqueles pedidos”, explicou.
Ao longo dos últimos 45 anos tenho defendido aquilo que considero o mais correcto para a minha terra, Angola. Mesmo quando, do ponto de vista dos poderes instituídos pelo MPLA (no poder desde 1975) ser branco é incompatível com ser angolano.
Sou angolano, nasci em Angola, e foi em Angola que estudei, brinquei, cresci e me fiz homem. Foi Angola que me fez branco por fora e negro por dentro. Mesmo que tenha sido obrigado pelos acontecimentos históricos a abandonar o país onde nasci, o meu coração – tal como o cordão umbilical – estão em Angola, sempre cá estiveram, quer o MPLA queira ou não.
Nunca me conformarei com o estado a que o meu país chegou. Nunca me conformarei com a miséria, a fome, a indignidade, o roubo e tudo o que de mau tem acontecido no meu país. Não acredito que tudo isto seja consequência da guerra e estes últimos 19 anos de paz confirmam que todo o mal que existiu e que continua a existir se deve aos governantes do MPLA.
Duvidam? Em 19 anos de paz, nada mudou. A fome, a miséria, a indignidade, a mortalidade infantil, os roubos, os assassínios e tudo o resto continuam a somar pontos na minha terra porque, de facto e de jure, poucos têm milhões e milhões têm pouco ou nada.
Portanto sou militante da oposição (lato sensu) ao MPLA. E estes factos (sobretudo o ser branco, ter nascido no Huambo, ser jornalista e não ser do MPLA) têm sido, e pelos vistos continuarão a ser razão “sine qua non” para não ser – oficialmente – angolano.
Pois aqui está uma bofetada com luva de pelica, tanto para os portugueses racistas que consideram que só os brancos é que são os genuinamente nacionais do seu país, como para os angolanos racistas que consideram que só os negros são os genuinamente nacionais do seu país.
É notável como a estupidez é endémica.
Caro Orlando Castro, lamento dizer-lhe que os imbecis do costume não vão entender nada do seu texto.